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Entrevista: Revista "Fundição"
Grande Entrevista
Luís Rodrigues, CEO da CIFIAL

"A qualidade é o nosso maior património"

Volume de negócios: 17, 120 M€
% Exportações: 84%
Nr. colaboradores: 326

Há mais de um século no mercado, a CIFIAL dispensa apresentações. Desde 1904 a operar essencialmente no mercado das torneiras e das soluções de banho é, hoje uma marca cunhada pelo tempo. O passar dos anos trouxe-lhe a experiêmcia que só a tem quem sobrevive às maiores convulsões. Mesmo que, na sequência dessa época, tenha perdido o pendor de administração familiar e de ter deixado pelo caminho um grande número de colaboradores, nunca perdeu a esperança em dias melhores. À semelhança da indústria em geral no país e no mundo, também vive de novo marés conturbadas. Mas, na voz do seu atual CEO Luís Rodrigues, está no sangue da CIFIAL lutar sempre por encontrar soluções. Até à última gota.

QUEM É LUÍS RODRIGUES, ATUAL CEO DA CIFIAL?

Eu tenho uma história longa na CIFIAL. Formei-me em Engenharia Eletrotécnica e Computadores na FEUP, e sempre tive a ambição de ter uma experiência fora do país. Foi isso que me motivou a ir para a Suíça, devido à forte ligação que existia entre a Faculdade e o Departamento de Eletrotecnia da École Polytechnique Fédérale de Lausanne. Aí fiz uma pós-graduação em Controlo de Movimento (motores Brushless trifásicos) e em Sistemas de Comando Numérico (CNC), sendo no segundo ano convidado para ser Professor Assistente da cadeira de Eletrotécnica I do curso de Engenharia Eletrotécnica. Foi uma das experiências mais gratificantes que vivi, tinha pouco mais de 20 anos. Como fazia muito trabalho relacionado com necessidades específicas de empresas para um fabricante suíço de robótica (BULA & FILS SA), convidaram-me para ir trabalhar para essa empresa. Foi aí que começou a minha ligação à CIFIAL, que na altura era um grande cliente dessa empresa. Foi o kick-off para a ligação à área das torneiras porque conheci toda a concorrência na Europa e nos EUA, o que se revelou muito vantajoso para mim. Cheguei também a trabalhar na Johnson & Johnson durante seis meses para a automação na área médica. Em 1999/2000 numa vinda a Portugal recebi uma proposta da Cifial, que declinei. Mais tarde chegámos a acordo. E cá estou há 20 anos.

JÁ NA CIFIAL, O SEU PERCURSO SEMPRE FOI DE ASCENSÃO...

Inicialmente fui responsável pela Robótica e Automação e, mais tarde, pela parte do investimento. Foi uma fase muito interessante e motivadora da minha carreira. Tinha condições financeiras interessantes, a economia vivia um bom período, a Cifial crescia com a renovação de um dos seus polos industriais, com a duplicação da área industrial nesse polo. Depois, cheguei a diretor técnico da empresa e, em 2008, a diretor-geral. Em 2010 fui nomeado administrador. Desde então faço parte do conselho de administração. A seguir, veio toda a convulsão com origem na crise do subprime nos Estados Unidos, que nos afetou de forma significativa, com uma queda muito substancial do volume de negócios. Fizemos muitas alterações, mudamos layouts, transferimos tudo quanto era processo, acabámos com duplicações de equipamento. Tínhamos uma fábrica com um layout de produto, em que as tecnologias se repetiam, e era um dispêndio de custos incomportável. Nessa altura todos os negócios caíram, tornando-se um de viragem desafiante, em que a sobrevivência do grupo foi posta à prova.

ESSE FOI UM PERÍODO DE GRANDE MUDANÇA PARA A EMPRESA...

Nessa altura percebemos que teríamos de passar para um layout de processo. Passámos a concentrar todos os processos e acho que isso foi o que ainda nos conseguiu manter à tona de água. Tivemos de reduzir consideravelmente o número de colaboradores, centralizar recursos e baixar custos de exploração. Reduzir pessoas foi uma grande dificuldade porque éramos um dos maiores empregadores da região. Foi um momento muito difícil para a empresa, que desde 1950 só conhecia expansão. Após muitos meses a evitar uma reestruturação, o grupo ficou descapitalizado. Esta empresa chegou a ter 998 pessoas, e hoje somos cerca de 350. Quando, em 2010, eu entrei para a administração as coisas estavam muito difíceis. Alguns administradores tinham saído da empresa e o grupo tinha-se tornado num “barco muito pouco manobrável e abaixo da linha de água”. Em 2012 estávamos numa situação financeira tremendamente difícil, e começámos a procurar soluções. A família que detinha a empresa percebeu que teria de abrir o capital a outros investidores. É assim que se dá a entrada do Fundo de Recuperação gerido pela ECS capital. O passo seguinte foi a reestruturação financeira do grupo. No início de 2013 começámos a operar com o conselho de administração anterior, ainda com alguns elementos da família e com novos elementos nomeados pela ECS Capital. Em 2019 surge o interesse por parte de um novo acionista, com sede em Hong Kong – a KinLong (HK). No final do ano, a operação concretiza-se e hoje, o grupo Cifial é detido a 100% por uma multinacional de origem asiática, cotada na bolsa de Shenzhen, com uma operação industrial e comercial de implementação nacional no maior mercado do globo – a China. É assim com grande entusiasmo que iniciamos uma nova fase de aprendizagem e adaptação.

COMO SE ENQUADRA A ATIVIDADE DA EMPRESA NO ÂMBITO DA ESTRATÉGIA E DOS OBJETIVOS DESSE GRUPO EMPRESARIAL?

Como deverá calcular, em termos de volume de negócios, somos uma pequena gota de água na realidade do nosso acionista. Mas achamos que podemos aportar ao grupo uma história importante. Repare que este grupo a que pertencemos tem cerca de 30 anos. Na minha forma de ver, esse grupo procura enriquecer o seu portfolio com um conjunto de produtos de valor acrescentado, com história e qualidade e, por outro lado, eventualmente, dar um passo dentro da Europa para outro tipo de áreas de negócio. Tudo faremos para que a Cifial seja a participada escolhida para concentrar os investimentos em empresas de outros países europeus. O grupo tem uma estratégia de crescimento fora da Ásia e nós somos a primeira empresa que adquirem na Europa. Por enquanto, foi depositada uma grande confiança na equipa de gestão executiva, inteiramente portuguesa, aliás, com elementos que transitaram da anterior administração.

FORAM AS VÁRIAS AQUISIÇÕES DE QUE FOI ALVO QUE MARCARAM HISTORICAMENTE A VIDA DA EMPRESA QUE HOJE VIGORA?

Sem dúvida. Esta empresa nasceu em 1904, e nos anos 40 foi adquirida pelo pai do Eng. Ludgero Marques ao Banco Borges & Irmão. Na altura, a Cifial era essencialmente uma fábrica de ferragens e utensílios manuais. A empresa esteve quase 70 anos na família, pelo que essas mudanças foram muito marcantes para a empresa, sobretudo quando se dá a entrada de um acionista financeiro como o Fundo de Recuperação. E agora esta nova reviravolta, com a “venda” da empresa pela terceira vez, revelou-se ainda mais fraturante uma vez que se afastou por completo toda a ligação familiar que existia na administração. Hoje, a administração executiva é totalmente profissionalizada. Como imaginará, são sempre momentos marcantes na história das empresas, mas eu penso que soubemos fazer o nosso caminho e, com mais ou menos dificuldades, ultrapassar perfeitamente os diversos desafios que as alterações dos corpos acionistas suscitam.

"A CIFIAL foi uma empresa a duas velocidades"

OS PROCESSOS DE CERTIFICAÇÃO DA EMPRESA TÊM SIDO UM DESAFIO PARTICULAR?

A nossa principal certificação é a ISO9001. Relativamente à área ambiental, desde que esta comissão executiva está à frente da empresa, mudámos completamente a nossa posição relativamente às questões ambientais porque historicamente há alguns vícios que se vão enraizando nas empresas e que não queremos perpetuar. Renovámos todo o nosso departamento ambiental, através de uma nova liderança e de novas pessoas. É verdade que fomos tendo algumas falhas ao longo do caminho na área ambiental, mas hoje há um compromisso completamente distinto. Percebemos que o tema ambiente faz parte das regras do jogo, não há como fugir porque sabemos que a fatura vem sempre mais tarde. Controlamos permanentemente situações potencialmente perigosas em termos ambientais, efetuamos uma racionalização do consumo de energia e temos uma fábrica muito mais "limpa".

EM QUE ÁREAS CONSIDERA QUE HOUVE UMA MAIOR EVOLUÇÃO NA EMPRESA?

Há duas áreas que evoluíram muito nos últimos 20 anos: a área da Engenharia e Desenvolvimento do Produto e a área da Qualidade. A Engenharia era uma área muito pobre, muitos produtos eram produzidos por cópia, não existindo modelos nem especificações. Sinto que houve uma mudança radical nos últimos anos. A outra área de grande evolução foi a da Qualidade. Nesse aspeto, a Cifial funcionava a duas velocidades. Por um lado, tinha a área do negócio Original Equipment Manufacturer (OEM), que seguia um standard próximo da indústria automóvel, com uma fábrica exclusivamente dedicada a essa área. Mas o que acontecia aí não tinha paralelo com nenhuma das outras fábricas. A fábrica das ferragens e a fábrica da nossa marca própria ainda lutavam por ter a certificação ISO 9001, o que para mim era incompreensível. Decidimos, então, importar as boas práticas da fábrica OEM para as outras fábricas, o que levou a uma evolução enorme porque conseguimos manter o standard da FT (Fundição e Tecnologia), sem perder a característica fundamental. Esse é um aspeto muito positivo de trabalhar no modelo OEM, o rigor e o know how que nos é imposto, que em condições normais teríamos muito maior dificuldade em atingir. Claro que não podemos descurar as nossas competências industriais, até porque o Grupo Cifial continua a ser uma empresa de cariz eminentemente industrial, contudo temos claro que, para sermos bem sucedidos industrialmente, necessitamos de estar assentes numa Engenharia e numa Qualidade muito fortes.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS FATORES DE COMPETITIVIDADE DA CIFIAL?

Em primeiro lugar, inquestionavelmente a CIFIAL é uma empresa de reconhecido know how. O que mais nos distingue é a grande experiência na área da transformação do latão, não só na parte técnica do saber fazer, mas também por exemplo ao nível do SAP em que temos uma organização muito robusta. E esse, aliás, foi um dos temas muito valorizados nesta última aquisição acionista. É difícil quantificar quanto é que isso vale, mas vale muito. Outro ponto importante reconhecido pelos nossos clientes é a Qualidade, que continua a ser uma mais valia importante. É o património que temos. Raramente ouvimos clientes insatisfeitos por o produto estar abaixo das expectativas. E, finalmente, a nossa capacidade industrial. O Eng. Ludgero Marques foi de facto um visionário em muitas questões e conseguiu dotar a empresa de um conjunto de meios e tecnologias ímpares em termos de capacidade industrial. Hoje não há muitas empresas que consigam transformar o latão e, ao mesmo tempo, oferecer a diversidade de acabamentos que nós oferecemos. Em Portugal, arriscaria a dizer que não existirá nenhuma fábrica semelhante, e no resto do mundo, existem cada vez menos, porque a tendência tem sido subcontratar o mais possível, e cada vez se torna mais difícil ter licenças ambientais. Essa é sem dúvida uma preocupação para nós, porque tem custos pesados, o que espoleta uma gestão de custos de operação muito rigorosa, para não ficarmos fora de mercado por preço.

"Hoje não somos só uma fábrica. Somos um parceiro para industrializar produtos."

COMO CARACTERIZA A CONCORRÊNCIA NACIONAL E INTERNACIONAL?

Como em qualquer outro setor de atividade a concorrência que enfrentamos é feroz. Vamos ter de percorrer um caminho longo, sobretudo no mercado nacional, para recuperar um espaço que fomos perdendo fruto de um serviço que nem sempre foi o que gostaríamos que fosse e, por outro lado, porque a nossa oferta de produtos estava a necessitar de ser reformulada. E é precisamente nestes dois aspetos que estamos a trabalhar de forma muito sólida, com a introdução de produtos novos de elevada qualidade, alguns deles inovadores no setor. Tudo isto está neste momento a acontecer, fazendo coincidir o lançamento comercial dos novos produtos com a reabertura do nosso showroom em Rio Meão. Temos também verificado que o mercado nacional tem sofrido muitas alterações. Alguns distribuidores passaram a dispor de marcas próprias muito focadas em preços baixos. Também temos visto surgir marcas que apenas comercializam produtos, mais uma vez focadas no preço baixo, o que acaba por desnivelar a oferta, desvirtuando o mercado, nomeadamente em aspetos como a qualidade, a inovação e o design, que são os pilares principais da nossa oferta. Ao nível internacional a CIFIAL tem marcado uma presença forte enquanto fabricante OEM/Private Label, onde operamos com algumas das marcas de maior prestígio mundial no setor. Já não somos apenas uma “fábrica” como acontecia no passado, mas passámos a ser parceiros integrais, isto é, os clientes encontram na Cifial uma capacidade de desenvolvimento de produto que permite otimizar o design dos seus produtos tendo em conta as restrições da sua industrialização (DFM - design for manufacturing). Passamos a ser cada vez mais um “Solution Provider”, mantendo padrões de qualidade e serviço de excelência.

COMO POSICIONA A CIFIAL NO MERCADO INTERNACIONAL?

Fomos perdendo alguma influência em alguns mercados tradicionais, fruto das circunstâncias que atravessámos. Temos bem claro que não podemos dar um passo maior do que a perna. Não temos a ambição de ir vender para os grandes países da Europa, porque não vamos conseguir lá chegar. Primeiro, vamos ter de consolidar os mercados onde historicamente temos alguma referência, e são esses que temos de reconquistar e melhorar a nossa competitividade. Falo do mercado nacional e do mercado espanhol. Tentamos estar próximos de projectos hoteleiros, designers de interiores, arquitetos, empresas de construção e, ao mesmo tempo, não perder de vista a nossa atividade OEM. Deixámos de ser uma fábrica como éramos há 20 anos. Passámos a ser um parceiro para industrializar produtos. Antigamente entregavam-nos um projeto chave na mão. Hoje lidamos muito mais com um conceito elaborado por designers. Um dos melhores e mais recentes exemplos, em 2019 finalizamos um projeto em Nova Iorque, para um dos maiores designers de interiores, para quem desenhámos uma linha completa de torneiras e acessórios de casa de banho.


ATUALMENTE QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS PRIORIDADES DA EMPRESA?

Um dos grandes desafios que a nossa indústria enfrenta é o de conseguir manter a competitividade dos produtos que produzimos (em Portugal ou na Europa), tendo em conta a necessidade de melhorar as condições de trabalho dos nossos colaboradores, em simultâneo com regulamentações cada vez mais apertadas e exigentes - e, por conseguinte, dispendiosas - isto, quando comparados com produtos de outras proveniências. O preço continua a ser um fator preponderante em alguns dos segmentos onde operamos, pelo que a contenção dos custos de produção é um desafio permanente. Significa, portanto, que a eficiência industrial é hoje, mais do que nunca, um foco permanente na nossa estratégia pois só assim conseguimos produzir produtos a preços competitivos, garantido/melhorando a nossa rentabilidade.


"Temos potencial para introduzir a marca CIFIAL na China."

ONDE ESTÃO AS PRINCIPAIS OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO DA CIFIAL?

O facto de pertencermos hoje a uma multinacional irá abrir-nos portas a que nunca conseguiríamos aceder, nomeadamente a entrada no mercado asiático. No passado já fizemos algumas tentativas, mas a China tem uma realidade e uma cultura muito distinta da nossa. Não acredito que uma empresa portuguesa possa ter sucesso na China sem ter lá uma parceria muito forte. No nosso caso, temos na China a sede do grupo a que pertencemos, com uma equipa comercial fortíssima e de amplitude nacional.


E AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DA EMPRESA NESTE MOMENTO?

Conseguir encontrar as pessoas certas e por outro lado mantê-las motivadas. As organizações assentam na qualidade das suas pessoas. São as pessoas que fazem a diferença. Não podemos ambicionar ter, por exemplo, produtos diferenciadores se não tivermos as pessoas capazes de os criarem. E isto é verdade para qualquer setor dentro da nossa organização. Neste capítulo, infelizmente, já perdemos pessoas excelentes muitas vezes difíceis de substituir, mas também temos tido a capacidade de recrutar outras que se revelaram extraordinárias, superando largamente as nossas expectativas. Uma outra dificuldade é conseguir criar condições que nos permitam manter o grupo dotado dos principais avanços tecnológicos disponíveis (nomeadamente ao nível dos equipamentos produtivos), de modo a se atingir um nível de eficiência industrial e, por conseguinte, um nível de competitividade que permita assegurar o futuro.


QUAL A IMPORTÂNCIA QUE ATRIBUI AO I&D E À SUSTENTABILIDADE?

A Cifial historicamente sempre manteve uma ligação próxima e consistente com as universidades e com institutos tecnológicos de forma a garantir uma evolução permanente, não só nos seus produtos como também nos seus processos e métodos de fabrico. São inúmeros os projetos de colaboração estabelecidos, nomeadamente com a FEUP, com o INEGI e com o INESC. Estamos inclusivamente neste preciso momento a preparar o lançamento de um projeto com uma destas instituições com vista à melhoria da nossa eficiência industrial em setores onde pensamos poder evoluir. Uma parte muito substancial dos nossos produtos e, por conseguinte, do nosso volume de negócios está ligado ao consumo de um recurso natural escasso, que é a água. Como tal, temos cada vez uma maior preocupação ambiental relativamente a este recurso, quer seja do ponto de vista da sua utilização nos nossos processos, quer seja da forma mais eficiente como os nossos produtos a utilizam. Estamos a aplicar nos nossos produtos as melhores práticas que existem hoje disponíveis no mercado, limitando o mais possível os consumos (caudais) de água, sem que isso altere a qualidade da experiência de utilização para o consumidor final. Pensamos que este é um pequeno contributo que prestamos em prol da sustentabilidade, ajudando a preservar um recurso que se tem tornado, a cada ano que passa, mais escasso.

QUAIS FORAM OS PROJETOS QUE MAIS O ORGULHARAM?

Dentro do negócio OEM, desde o início de 1990 que a Cifial fornece componentes para um dos maiores fabricantes de torneiras nos EUA. O que fazemos é receber os projetos/modelos do nosso cliente, normalmente um componente específico como por exemplo uma bica de torneira. Por vezes apresentamos algumas sugestões, mas o nosso papel é essencialmente produzir esse componente de acordo com essas especificações. Acontece que, em finais de 2013, essa mesma empresa, depois de ter avaliado as nossas competências, decidiu lançar-nos o desafio de desenvolver e industrializar um conjunto de produtos complexos e de gama elevada: torneiras de banheira de aplicação ao solo. Penso que este terá sido um dos projetos mais complexos desenvolvidos na CIFIAL, onde tivemos oportunidade de demostrar as nossas competências e simultaneamente aprender muito com aquele que é um dos maiores e mais conceituado fabricante de torneiras nos EUA. Tive o prazer de liderar este projeto, no qual muitas vezes coordenávamos as equipas de ambos os lados. O resultado final foi um sucesso que ainda hoje, passados 7 anos, o produto continua no mercado e com procura em diferentes acabamentos. Foi um dos anos em que mais evoluímos a nível de Engenharia. Sentimos que deixaram de nos ver como um concorrente e passaram a ver-nos como um parceiro. Hoje, aplicamos muitas técnicas e conhecimentos nos nossos produtos, fruto dessa aprendizagem.

QUE PRODUTO ESCOLHERIAM PARA EXEMPLIFICAR A VOSSA ATIVIDADE?

Todos os nossos produtos têm uma história para contar. Mas a nossa torneira misturadora de banho/duche Edwardian foi a entrada da Cifial no mundo das torneiras. É talvez a torneira mais simbólica da Cifial. A linha Edwardian deu origem à produção de torneiras na Cifial na década de 80 do séc. XX, marcando uma viragem estratégica da empresa e ficando ligada de forma indelével à história da marca Cifial. Na década de 80, Nancy Reagan (esposa do presidente Ronald Reagan) escolhe torneiras da linha Edwardian, produzidas pela Cifial para a marca “Broadway Collection”, para a renovação das casas de banho da Casa Branca. Percebo que tenha sido um grande motivo de orgulho para o Eng. Ludgero e para esta empresa em particular.

PODE PARTILHAR A SITUAÇÃO MAIS DIFÍCIL PELA QUAL PASSOU E COMO É QUE A GERIU?

Infelizmente a nossa geração está hoje a lidar com uma segunda crise sem precedentes na história. Vivemos a crise de 2008/2009, que foi extraordinária e que nos surpreendeu de forma tremenda. Foi muito marcante e difícil porque na altura tivemos de lidar com lay-offs e despedimentos, e isso é sempre o mais difícil. Agora avizinham-se novamente tempos igualmente complicados decorrentes da pandemia, com uma forte redução de toda a atividade económica. Paralelamente aos cuidados com a saúde dos nossos colaboradores, e até à data sem casos positivos para a Covid-19, temos, juntamente com os nossos clientes e fornecedores, encontrado soluções com vista à adequação dos meios às necessidades. Temos sentido uma fortíssima redução da atividade, reflexo do volume de encomendas recebidas e planeadas até ao final do ano. É um problema que pensamos ser transversal aos setores de atividade onde nos inserimos, mas mantemo-nos confiantes na retoma e sobretudo na nossa estratégia de relançamento da marca própria, e nas oportunidades que o nosso novo acionista nos possa proporcionar.

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